sábado, 17 de agosto de 2013

As congadas são do Congo? Cultura e tradições africanas no congado de Catalão-Goiás

Projeto de Língua Portuguesa 3º Bimestre

Jornal Mural

MATERIAL DE APOIO: história de Catalão GO

Tema 01: As congadas são do Congo? Cultura e tradições africanas no congado de Catalão-Goiás

.    Resgate histórico

            A Festa em Louvor a Nossa Senhora do Rosário acontece na cidade de Catalão nos primeiros 15 dias do mês de outubro desde de 1876, e apresenta a parte religiosa católica conjuntamente com o Congado, cultura africana que veio juntamente com os escravos africanos trazidos para o Brasil para trabalharem nas lavouras de cana e café.
A história conta que um grande fazendeiro, para provar sua devoção e pagar uma promessa a Nossa Senhora do Rosário construiu a Igreja a Nossa Senhora dos Homens Pretos, fator este que explicou a devoção dos escravos e descendentes à uma santa que tinha a mesma cor de pele que eles.

                 Este mesmo fazendeiro, como poucos da região, deixavam seus escravos e ex-escravos festejarem sua cultura e suas danças, desde que, estes o fizessem para os santos católicos. Os escravos, para preservar sua cultura combinam suas tradições com as tradições católicas através das Congadas.
A doação de terras para a construção de igrejas era uma estratégia muito comum entre os fazendeiros da época, pois a construção das igrejas valorizavam as terras. Não foi diferente com a igreja de Nossa Senhora do Rosário, pois sua construção dinamizou um novo eixo de povoamento em nossa cidade, nos bairros: Nossa Senhora de Fátima, conhecido na época como “Boca da Onça”, devido a mata e a presença de onças no local, bairro São Francisco e Centro.
           Além de dinamizar o crescimento urbano a festa era o local de socialização entre as diferentes comunidades rurais que existiam na época, fator importante para a construção de laços de amizade e parentescos.

Vamos conhecer um pouco mais sobre o congado catalano, assista o vídeo https://www.youtube.com/watch?v=Y6aFCcJwPC8 


2.   Organização dos ternos de congo

            Os ternos em Catalão variam de estilo, do agitado Catupé ao chocalho cadenciado do Moçambique, cantam canções sobre os tempos de escravidão, as privações dos escravos e a fé a santa padroeira. Atualmente os ternos de congo em Catalão são:


a.   Terno de Congo do Pio Gomes
b.   Terno de Congo São Francisco
c.    Terno de Congo Nossa Senhora do Rosário – Terno do Zé Gordo
d.   Terno de Congo do Santa Terezinha
e.   Terno Moçambique Mamãe do Rosário

f.     Terno Catupé Cacunda Nossa Senhora das Mercedes
g.    Terno Vilão Santa Efigênia
h.   Terno de Congo Nossa Senhora de Fátima
i.     Terno de Congo Congregação do Rosário
j.    Terno de Congo Nossa Senhora Mãe de Deus – Terno do Prego
k.    Terno Moçambique Nossa Senhora das Graças
l.     Terno de Congo Sagrada Família
m.  Catupé Cacunda São Benedito
n.   Terno Catupé do Rosário
o.   Terno Mrujeiro
p.   Terno Vilão Nossa Senhora de Fátima
q.   Terno Vilão Penacho
r.    Terno Nossa Senhora da Guia
s.    Terno Mariarte
t.    Terno Catupé Cacunda Nossa Senhora das Mercedes
u.   Terno Catupé Prata

           Os ternos de congo são organizados possuem uma organização e uma hierarquia interna, que é composta por:

Capitão: o capitão é uma figura de grande importância para o terno. É ele o responsável por organizar o terno, confeccionar os instrumentos, agendar e organizar os ensaios, além de ser responsável por buscar patrocínios para as necessidades do terno.
Bandeirinhas: meninas que abrem e apresentam o terno de congo, cantando, dançando e segurando as bandeiras dos santos homenageados pelo terno. Até pouco tempo era a única forma das mulheres participarem diretamente da dança que envolve o ternos.
Caixeiros ou Guias: são os dançadores mais antigos e marcam o ritmo do terno, e ensinam aos jovens o ritmo. Carregam as caixas que fazem o som característico da congada. Curiosidade: estas caixas chegam a pesar 50 quilos.
Instrumentistas: são os que tocam o violão, a viola, a sanfona e o pandeiros.
Soldados: São os dançadores mais jovens e compõem as filas do terno. Dependendo do terno podem: carregar grandes caixas, pequenos pandeiros ou bastões coreografando com estes instrumentos.
Conguinhos: são crianças, geralmente filhos dos dançadores de congo, com idade menos que 5 anos e acompanham junto com suas mães as últimas fileiras dos ternos.

Início da Festa

            A conganda catalana ainda possui uma hierarquia de organização, dividida entre: Rei e Rainha, príncipes e princesas da Congada ou reinado, que possuem apenas uma função consultiva, não possuem poder para opinar ou decidir pelo grupo, cabe esta função ao general. O general é a figura de maior poder entre os ternos de congo. Todos os capitães devem obediência ao general, e dão passagem ao terno, que possui prioridade dentre os outros.
         Os ternos de congo para serem representadas pelas entidades de Catalão, assim, manter suas tradições e o direito de fazer a festa formaram a Irmandade do Rosário, que atua como organizadora e captadora de verbas, representação jurídica diante do poder público.
        Os festeiros, apesar de não fazerem parte da congada, são parte importante da mesma, pois são os responsáveis em conseguir verbas e apoios para a alimentação dos dançadores durante a realização da festa. Além, deste papel, os festeiros repassam parte dos patrocínios para a Irmandade, com a finalidade de cobrir os custos da festa, que atualmente possui uma grande despesa.
       A Alvorada é a abertura oficial da festa, e sempre ocorre na madrugada da primeira sexta-feira do mês de outubro. Os dançadores se reúnem da casa de seus capitães e todos seguem em caminhada silenciosa até a igreja. Após a benção de Nossa Senhora o general apita, marcando o início e autorização para que os ternos dancem e homenageiem seus santos.
       O levantamento do mastro acontece no primeiro sábado a noite da festa, e é realizado após a procissão de Nossa Senhora do Rosário e de São Benedito. Neste momento os ternos usam suas fardas com cores características a cada um, é o primeiro momento que isso acontece e torna-se um espetáculo para aqueles que apreciam a dança e os cantos.
     As visitas ocorrem de domingo a segunda, e são uma forma de agradecimento do terno à aqueles que colaboram financeiramente ou os que oferecem almoços e lanches. Os ternos dançam e cantam para os donos da residência. Receber um terno em casa é um sinal de prestígio para muito catalanos.
     A procissão do domingo e a missa do congo são momentos de grande emoção para os devotos, pois ocorrem em um clima de respeito entre a Igreja Católica e os ternos. A entrega da coroa, ocorre na segunda feira e marca o encerramento das festividades do ano, quando todos os ternos se reúnem para dançar para o próximo festeiro e entregar a coroa de Nossa Senhora.

Fonte: COSTA, C. L. CULTURA, RELIGIOSIDADE E COMÉRCIO NA CIDADE: a Festa em Louvor a Nossa Senhora do Rosário em Catalão – GO (Tese de Doutorado), USP – 2010


Conheça um pouco mais































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