segunda-feira, 19 de agosto de 2013

A máquina do tempo: fotografias antigas de Catalão como registro histórico para compreender a sociedade e suas transformações.

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Tema 04: A máquina do tempo: fotografias antigas de Catalão como registro histórico para compreender a sociedade e suas transformações.

1. Introdução
         A fotografia foi inventada ainda no século XIX e teve sua maior população durante o século XX. A popularização da fotografia foi de grande importância como registro histórico de cenas do cotidiano, assim como, de grande eventos históricos auxiliando na narrativa e interpretação dos fatos históricos. Neste aspecto é a fotografia revolucionária, pois permite que grande parte da população registre sua história com um simples click.
         A fotografia congela o tempo e o espaço, e desta forma registra um momento no qual, o aluno pode compreender concretamente as transformações históricas que nossa cidade sofreu, desde a simples forma de se vestir até a organização da família em tempos atrás. Por essa razão é a fotografia uma viagem no tempo, que favorecido pelas novas mídias, pode vir a contribuir para o ensino e a aprendizagem da cultura e história local.
2 Momentos e pessoas importantes do fim do século XIX ao início do século XX
2.1 Figuras folclóricas de Catalão GO




          Muitas outras figuras folclóricas fizeram para das histórias de infância dos habitantes de Catalão, e ajudaram a criar mitos e histórias nem sempre verdadeiras com estas pessoas. O fato é que eram pessoas com necessidades especiais que eram tidas como “doidos” da cidade e usados pelas mães para amedrontar as crianças. 

2.3 Escolas e colégios em Catalão GO

         As escolas nem sempre foram construídas para pessoas de baixa renda, em nossa cidade não era diferente. A escola torna-se pública e acessível para a população de baixa renda somente após a segunda década do século XX. As escolas e seus alunos, abaixo selecionados, pertenciam a três principais instituições de Catalão entre 1900 a 1970: Colégio Nossa Senhora Mãe de Deus, exclusivamente feminino; Escola São Bernardino de Siena, misto; e Colégio Anchieta, exclusivamente masculino.










Fonte: http://nossocatalao.blogspot.com.br Entre no blog e veja mais fotografias de Catalão.  

Papo roxo X Papo amarelo: a violência política em Catalão entre 1890 a 1950

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Tema 03: Papo roxo X Papo amarelo: a violência política em Catalão


1 Quem eram os papos roxo e amarelo

Maurílio Netto, Itamar Netto, Ataliba Paranhos (Tatá).
Homero Paranhos, Lírio Paranhos e Magdal Paranhos.
Nos fins do século IXX (1890-1900) e primeiros anos do início do século XX (1900-1950) nossa cidade era dominada por violentas rixas entre famílias e seus partidos políticos. A disputa política entre duas importantes famílias em Catalão é narrada pela professora Mariazinha Campos em seu livro de 1979.
“Velhas rixas políticas entre Paranhos e Andrades, que provocaram os dois fogos e a morte de dois principais políticos de nossa região, de um delegado e de Antero da Silva Costa”
         Os “dois fogos” citados pela professora Mariazinha Campos foram conflitos armados entre dois grupos políticos dominantes: Família Paranhos e o outro de Capitão Andrade.  Estes dois grupos eram conhecidos como “Papo roxo e Papo Amarelo”, apelidos dados devido a cor das chapas de latão das carabinas dos jagunços e capatazes, que eram protegidos ou filiados aos partidos.
Quarto de Mariazinha Campos preservado
no Museu Cornélio Ramos

         Os Papo Amarelo eram as famílias e cidadãos filiados ou simpatizantes do partido Democrata, representados em Catalão por Ayres e Cristiano Vitor. O Papo Roxo eram aqueles que filiados ao partido Republicano, as famílias: Paranhos, Campos e Neto.
         A rixa entre as famílias era tamanha que não se plantavam nem flores amarelas nos jardins de uma família papo roxo, e vice e versa. As famílias vestiam as cores dos partidos que defendiam. Uma das mais famosas “papo roxo” foi a própria professora Mariazinha Campos, como podemos ver em seu quarto no Museu Cornélio Ramos, onde até mesmo os acessórios de cabelo à roupa de cama era da cor roxa.
Os dois grupos políticos dominavam o cenário político da cidade, ambos formados por famílias ricas, poderosas e com muita influência política na região. De filiações políticas bem diferentes os dois grupos se alternavam no mando local, sempre disputando qual das famílias era a mais poderosa.

1º e 2º Fogo: conflitos registrados entre os dois partidos

         Segundo a professora Mariazinha Campos o 1º fogo ocorreu em 1892 nas ruas de Catalão. O tiroteio entre os dois partidos foram em razão das eleições municipais para prefeito. Mariazinha conta que era permitido as mulheres transitarem durante o tiroteio, pois elas levavam armamentos e alimentos para os dois grupos durante o impasse.
         O 2º tiro, também ocorreu nas ruas catalanas, como é narrado pela professora Mariazinha “Em 1895, houve o 2º fogo, isto é, o segundo tiroteio nas ruas catalanas, o que provocou verdadeiro pânico nas ruas de Catalão”. Percebemos que tanto no primeiro como no segundo tiro, a população de Catalão era feita de refém da instabilidade de pessoas obstinadas em mantar o mando local.

O assassinato do Senador Paranhos
Senador Ricardo Paranhos e sua esposa Cota

         Os eventos que desencadearam o 2º tiro ocorreram em razão da violência, principal ferramenta de “resolução” de problemas na cidade de Catalão. O Sr. Felipe Estrela, marido da neta do Senador Paranhos, atira com arma de fogo em Carlos Andrade e este lhe promete vingança.
         Mariazinha Campos narra que a vingança não foi direcionada a Felipe, mas sim ao Senador Paranhos, que sofre uma emboscada de jaguços de Carlos Andrade em frente a sua residência. Por três dias a casa do capitão é cercada pelos Papo Roxo, e fogem, mas são logo capturados. Após ser preso o Capitão Carlos Andrade tenta fugir e é torturado e morto.

Salomão Paiva: o coronelismo e o voto de cabresto em Catalão

         Mariazinha Campos descreve o chefe do executivo municipal como um homem violento, beberrão e arruaceiro. Segundo seus relatos, durante a noite saia para beber e atirar nas lâmpadas elétricas da cidade, como ele próprio era o Intendente Municipal mandava repor as lâmpadas que ele mesmo havia atirando com seus comparsas na noite anterior.
Paiva não respeitava ninguém, nem mesmo o próprio delegado. Populares contam que Paiva em um ocasião para medir forças com o delegado local entrou a cavalo na residência do delegado Furtado Mendonça. Catalão, devido ao seu histórico de violência, somente confirma a fama que a cidade sob o controle de um homem violento, também seria violenta, e é como ficou conhecida em todo o estado de Goiás.
“Um período difícil e triste para a história de Catalão. Ao substituir o pai, foi eleito as custas de violência, pois na época, o voto era descoberto e o eleitor que não precisava ler, votava publicamente, com o elemento ao lado lhe forçando o voto” (CAMPOS, 1979, 107p.).
Assim como viveu Salomão Paiva morreu. Suas rixas políticas com os Sampaio levaram a sua morte, e também a de seu jagunço particular que chamavam de “Caldeira”.

O assassinato de Antero Costa

         Cornélio Ramos, memorialista de nossa cidade nos conta que tudo se inicia com o assassinato de Albino Felipe de Oliveira, fazendeiro muito rico morto por uma emboscada de jaçunços em 26 de maio de 1936. O assassinato de Albino causou um grande tumulto na cidade, seus companheiros queriam o autor do assassinato e pressionavam o franco poder policial de Catalão na época para que eles o entregassem.
         O grupo de fazendeiros cercados de jagunços torturam o filho de Albino, João Albino acusado de mandar matar o pai para o receber a herança. Mesmo após horas de tortura João não confessou. Na busca de incriminar alguém, o grupo prendeu o jagunço Teodomiro Gomes, conhecido como Chico Prateado, que após tortura diz ao grupo que o mandante foi Antero, que é preso para averiguações.
         Chico Prateado trabalhava eventualmente como cobrador de Antero, e devido uma grande dívida que Antero tinha com Albino concluiu-se que ele era o mandante do crime e saíram a sua busca. O grupo invade a delegacia e arranca Antero de sua cela. O grupo automaticamente se nomeia como aqueles que julgariam Antero e amaram seu pescoço e mãos e o levaram a pontapés e empurrões, pelas ruas de Catalão. No dia 16 de agosto de 1936 entre as 23:00 e 24:00 da noite Antero é assassinado.
                 
        
Fonte: CAMPOS, M. das D. Catalão: estudos históricos e geográficos, Goiania (1979)
NASCIMENTO, F. do R. CATALÃO: sua história pensada através do imaginário coletivo. UFG, 1992.
CRULS, L. Relatório Cruls: Comissão Exploradora do Planalto Central do Brasil. 7ª ed.

Senado federal: Brasília, 2003. vol. 22.

domingo, 18 de agosto de 2013

Que medo! Lendas e histórias assustadoras de Catalão - GO

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Tema 02: Que medo! Lendas e histórias assustadoras de Catalão - GO


O que é um “causo”?

Sabemos que contar histórias é uma arte própria da cultura humana. Os causos, lendas e histórias populares nasceram da tentativa de uma população que não sabia ler ou escrever transmitir um conhecimento de uma geração para outra, narrando experiências e histórias que escutam desde pequenos.
         Os causos são classificados como formas simples de narrativas, ou seja, como são contados de forma oral não há uma preocupação de deixar o texto “bonito”, pois o que o deixará interessante é a forma de quem conta.
Na maioria dos causos o seu autor é desconhecido e são criações da cultura do lugar carregado com o medo do local, as tradições e cultura do povo que o reconta várias vezes, sempre com adaptações. As narrativas possibilitam ao ouvinte mergulhar naquilo que escuta, vivenciando, na experiência do outro, a sua própria experiência.

1 A cruz de madeira no Morro da Saudade
Conto popular narrado por Cornélio Ramos

No tempo de antigamente, o morrinho do São João jazia tranquilo, sozinho, no meio da campina, sem o burburinho produzido pelo progresso, sem nenhuma casa ao seu redor, somente a capelinha e a cruz de madeira.
Contam os antigos que o morro recebeu esse nome devido a um episódio trágico. Havia ali, o cemitério dos Anjos, onde eram enterradas as crianças que não haviam sido batizadas. Conta a lenda que uma menina de 6 anos de idade, foi enterrada viva, após sofrer um ataque de catalepsia (doença que dá a impressão que a pessoa está morta).
Sem o médico da região por perto no momento, a criança foi enterrada. Os pais ao tomarem consciência do que havia ocorrido, muito transtornados erguem uma cruz de madeira para a alma da criança. Dizem que pode-se escutar uma criança chorando e tentando sair de seu túmulo.

2 A louca do Morro da Saudade
Conto popular narrado por Cornélio Ramos

Conta a lenda que viva em uma fazenda próxima a cidade de Catalão, um jovem que ficou viúva muito cedo. A jovem era herdeira de uma grande fortuna e, quase sempre cortejada por homens que se interessavam em casar com a mesma e tomar posse de sua fortuna. Um certo dia chega a cidade um jovem dentista muito bonito, e logo ele e Rita iniciam um romance.
Apesar dos conselhos dos amigos Rita estava apaixonada por Roberto, e ele apesar de corresponder não a amava da mesma forma. A verdade é que Roberto era um homem casado e pai de família. Sua mulher havia o abandonado e fugido com sua filha, mas Roberto ainda sim amava muito sua esposa.
Certa tarde Roberto decide que quer novamente voltar para Minas Gerais e dar mais uma chance ao seu casamento, então decide terminar seu romance com Rita. Marcam de se encontrar às seis horas no Morro de São João, e Roberto conta a Rita sua intenção de voltar a Minas Gerais e procurar sua amada esposa.
Rita, que já suspeitava que Roberto queria terminar o relacionamento, estava decidida a impedir que Roberto fosse embora. Ao ver que Roberto realmente ira deixa-la Rita atira com um revolver quatro vezes contra as costas de Roberto e o mata. Após aquele noite Rita não foi mais a mesma.
Mesmo após várias internações no manicômio ela sempre voltava ao Morro procurando por seu amado, mesmo após a morte. Muitos catalanos afirmam que em noites de lua cheia é possível ver uma moça toda de branco chorando no alto do Morro.

3 A árvore amaldiçoada
Conto popular narrado por Cornélio Ramos

Dizem que um jovem casal havia prometido juras de amor tiveram um final trágico. Certo dia, o noivo descobriu que ela estava grávida de outro, e a matou de forma brutal, isso quando ela já estava quase completando os nove meses e para que não achassem seu corpo, ele a enterrou no pé de uma árvore.
Logo que fez isso se suicidou deixando um bilhete avisando de que tinha também matado sua noiva. A polícia descobriu seu crime, mas nunca achou o corpo da jovem moça.
Com o passar de nove meses após o crime a árvore, foi embarrigando. A árvore engrossou muito rápido, e até hoje a árvore tem a aparência de uma mulher grávida. E dizem, que depois da meia noite, se alguém estiver passando sozinho por lá, é possível. Ouvir um bebê chorando e ver a alma de Maria em cima de um dos galhos da árvore com um rosto triste. Hoje a árvore faz parte da história de Catalão e é conhecida como Barriguda.

4 A casa de assoalho
Conto popular catalano

     Em uma fazenda no município de Catalão, havia uma casa onde ocorriam vários fenômenos de outro mundo. Todas as pessoas que se mudaram para lá, não conseguiram permanecer por muito muito tempo, pois várias coisas estranhas aconteciam. 
Os antigos moradores contam que durante a noite ouviam-se passos no assoalho de madeira e um choro de mulher toda vestida de branco.
Diz a lenda que a mulher na véspera de seu casamento perdera seu noivo, morto afogado durante uma pescaria. Ela consternada com o acontecido se mata toda vestida de noiva. Durante a noite ela voltava e assombrava a casa e seus moradores.


5 A moça na varanda
Conto popular catalano
     
    Conta a lenda que uma moça de uma família muito rica de nossa cidade, se apaixonou por um rapaz muito pobre. A família para impedir seu casamento com alguém que não tinha dinheiro resolve mandar a moça para um convento.
A moça, que era muito apaixonada, decidiu que se não poderia se casar com que amasse, não gostaria mais de viver. Durante o jantar ela sobe ao pé da escada e com um cutelo corta sua própria cabeça.
Contam, que o pai arrependido de ter impedido o casamento, manda esculpir vários rostos de anjos, semelhantes ao rosto de sua filha, e os colocou na fachada de sua casa. Muitos catalanos contam que se encararmos por muito tempo estes anjos, a moça aparece na varanda para a pessoa, outras contam que os anjos nos seguem com o olhar.

Fonte: Ramos, Cornélio Contos & Confissões. 1991 Ed. Kallil Catalão GO
Barbosa, J. Narrativas orais: memória e história. Universidade Federal de Goiás.

sábado, 17 de agosto de 2013

As congadas são do Congo? Cultura e tradições africanas no congado de Catalão-Goiás

Projeto de Língua Portuguesa 3º Bimestre

Jornal Mural

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Tema 01: As congadas são do Congo? Cultura e tradições africanas no congado de Catalão-Goiás

.    Resgate histórico

            A Festa em Louvor a Nossa Senhora do Rosário acontece na cidade de Catalão nos primeiros 15 dias do mês de outubro desde de 1876, e apresenta a parte religiosa católica conjuntamente com o Congado, cultura africana que veio juntamente com os escravos africanos trazidos para o Brasil para trabalharem nas lavouras de cana e café.
A história conta que um grande fazendeiro, para provar sua devoção e pagar uma promessa a Nossa Senhora do Rosário construiu a Igreja a Nossa Senhora dos Homens Pretos, fator este que explicou a devoção dos escravos e descendentes à uma santa que tinha a mesma cor de pele que eles.

                 Este mesmo fazendeiro, como poucos da região, deixavam seus escravos e ex-escravos festejarem sua cultura e suas danças, desde que, estes o fizessem para os santos católicos. Os escravos, para preservar sua cultura combinam suas tradições com as tradições católicas através das Congadas.
A doação de terras para a construção de igrejas era uma estratégia muito comum entre os fazendeiros da época, pois a construção das igrejas valorizavam as terras. Não foi diferente com a igreja de Nossa Senhora do Rosário, pois sua construção dinamizou um novo eixo de povoamento em nossa cidade, nos bairros: Nossa Senhora de Fátima, conhecido na época como “Boca da Onça”, devido a mata e a presença de onças no local, bairro São Francisco e Centro.
           Além de dinamizar o crescimento urbano a festa era o local de socialização entre as diferentes comunidades rurais que existiam na época, fator importante para a construção de laços de amizade e parentescos.

Vamos conhecer um pouco mais sobre o congado catalano, assista o vídeo https://www.youtube.com/watch?v=Y6aFCcJwPC8 


2.   Organização dos ternos de congo

            Os ternos em Catalão variam de estilo, do agitado Catupé ao chocalho cadenciado do Moçambique, cantam canções sobre os tempos de escravidão, as privações dos escravos e a fé a santa padroeira. Atualmente os ternos de congo em Catalão são:


a.   Terno de Congo do Pio Gomes
b.   Terno de Congo São Francisco
c.    Terno de Congo Nossa Senhora do Rosário – Terno do Zé Gordo
d.   Terno de Congo do Santa Terezinha
e.   Terno Moçambique Mamãe do Rosário

f.     Terno Catupé Cacunda Nossa Senhora das Mercedes
g.    Terno Vilão Santa Efigênia
h.   Terno de Congo Nossa Senhora de Fátima
i.     Terno de Congo Congregação do Rosário
j.    Terno de Congo Nossa Senhora Mãe de Deus – Terno do Prego
k.    Terno Moçambique Nossa Senhora das Graças
l.     Terno de Congo Sagrada Família
m.  Catupé Cacunda São Benedito
n.   Terno Catupé do Rosário
o.   Terno Mrujeiro
p.   Terno Vilão Nossa Senhora de Fátima
q.   Terno Vilão Penacho
r.    Terno Nossa Senhora da Guia
s.    Terno Mariarte
t.    Terno Catupé Cacunda Nossa Senhora das Mercedes
u.   Terno Catupé Prata

           Os ternos de congo são organizados possuem uma organização e uma hierarquia interna, que é composta por:

Capitão: o capitão é uma figura de grande importância para o terno. É ele o responsável por organizar o terno, confeccionar os instrumentos, agendar e organizar os ensaios, além de ser responsável por buscar patrocínios para as necessidades do terno.
Bandeirinhas: meninas que abrem e apresentam o terno de congo, cantando, dançando e segurando as bandeiras dos santos homenageados pelo terno. Até pouco tempo era a única forma das mulheres participarem diretamente da dança que envolve o ternos.
Caixeiros ou Guias: são os dançadores mais antigos e marcam o ritmo do terno, e ensinam aos jovens o ritmo. Carregam as caixas que fazem o som característico da congada. Curiosidade: estas caixas chegam a pesar 50 quilos.
Instrumentistas: são os que tocam o violão, a viola, a sanfona e o pandeiros.
Soldados: São os dançadores mais jovens e compõem as filas do terno. Dependendo do terno podem: carregar grandes caixas, pequenos pandeiros ou bastões coreografando com estes instrumentos.
Conguinhos: são crianças, geralmente filhos dos dançadores de congo, com idade menos que 5 anos e acompanham junto com suas mães as últimas fileiras dos ternos.

Início da Festa

            A conganda catalana ainda possui uma hierarquia de organização, dividida entre: Rei e Rainha, príncipes e princesas da Congada ou reinado, que possuem apenas uma função consultiva, não possuem poder para opinar ou decidir pelo grupo, cabe esta função ao general. O general é a figura de maior poder entre os ternos de congo. Todos os capitães devem obediência ao general, e dão passagem ao terno, que possui prioridade dentre os outros.
         Os ternos de congo para serem representadas pelas entidades de Catalão, assim, manter suas tradições e o direito de fazer a festa formaram a Irmandade do Rosário, que atua como organizadora e captadora de verbas, representação jurídica diante do poder público.
        Os festeiros, apesar de não fazerem parte da congada, são parte importante da mesma, pois são os responsáveis em conseguir verbas e apoios para a alimentação dos dançadores durante a realização da festa. Além, deste papel, os festeiros repassam parte dos patrocínios para a Irmandade, com a finalidade de cobrir os custos da festa, que atualmente possui uma grande despesa.
       A Alvorada é a abertura oficial da festa, e sempre ocorre na madrugada da primeira sexta-feira do mês de outubro. Os dançadores se reúnem da casa de seus capitães e todos seguem em caminhada silenciosa até a igreja. Após a benção de Nossa Senhora o general apita, marcando o início e autorização para que os ternos dancem e homenageiem seus santos.
       O levantamento do mastro acontece no primeiro sábado a noite da festa, e é realizado após a procissão de Nossa Senhora do Rosário e de São Benedito. Neste momento os ternos usam suas fardas com cores características a cada um, é o primeiro momento que isso acontece e torna-se um espetáculo para aqueles que apreciam a dança e os cantos.
     As visitas ocorrem de domingo a segunda, e são uma forma de agradecimento do terno à aqueles que colaboram financeiramente ou os que oferecem almoços e lanches. Os ternos dançam e cantam para os donos da residência. Receber um terno em casa é um sinal de prestígio para muito catalanos.
     A procissão do domingo e a missa do congo são momentos de grande emoção para os devotos, pois ocorrem em um clima de respeito entre a Igreja Católica e os ternos. A entrega da coroa, ocorre na segunda feira e marca o encerramento das festividades do ano, quando todos os ternos se reúnem para dançar para o próximo festeiro e entregar a coroa de Nossa Senhora.

Fonte: COSTA, C. L. CULTURA, RELIGIOSIDADE E COMÉRCIO NA CIDADE: a Festa em Louvor a Nossa Senhora do Rosário em Catalão – GO (Tese de Doutorado), USP – 2010


Conheça um pouco mais































quarta-feira, 7 de agosto de 2013

A origem de nossa cidade

Conquistando o Sertão Goiano: a chegada dos bandeirantes nas terras dos índios Goyazes
A cidade de Catalão no dia 20 de Agosto de 2013, comemora 154 anos de fundação. Mas, nossa cidade nem sempre foi como a conhecemos. A história de construção de nossa cidade é cheia de aventuras e curiosidades, e se inicia por volta de 1722 com a comitiva de Bartolomeu Bueno da Silva Filho.  
Não era a primeira viagem de Bartolomeu Bueno da Silva Filho às terras dos índios Goyazes. Aos 12 anos de idade, no ano de 1682, Bartolomeu acompanhou seu pai, Bartolomeu Bueno da Silva, bandeirante que ficou conhecido como “O Anhanguera”, que significa “Diabo Velho” no idioma indígena as terras dos índios Goyazes. O Anhanguera recebeu esse nome, por ter colocado fogo em uma tigela com aguardente na frente dos índios, afirmando que iria colocar fogo em toda a água da tribo, caso eles não lhe contassem o local das minas de ouro.
No final do século XVIII o bandeirante Bartolomeu Bueno da Silva Filho, o Anhanguera II retorna as terras goianas com uma comitiva de 190 homens de diversas origens, desde padres e comerciantes até homens armados, dispostos a fazer tudo para conseguir riqueza. Assim como seu pai, Bartolomeu Bueno da Silva Filho procurava ouro e a captura de indígenas para serem escravizados.
Bartolomeu Bueno da Silva Filho e sua comitiva chegaram às terras, que hoje conhecemos como nossa cidade, atravessando o Rio Paranaíba na altura do município de Cumari, onde o rio era mais estreito e oferecia as melhores condições para que a comitiva atravessasse em segurança. Esse porto ficou conhecido como o Porto de Lalau, onde deixaram uma cruz, para marcar onde a passagem do rio era mais segura. Atualmente esse local fica na “Fazenda dos Casados”, nas bordas do Ribeirão Ouvidor, que se encontra onde hoje é a cidade de Ouvidor, contudo, a Cruz original foi transferida para a Cidade de Goiás no ano de 1916, restando apenas uma réplica da original.
Entre os 190 homens que viajavam com Bartolomeu Bueno da Silva Filho, havia um espanhol da região da Catalunha (Espanha), que era apelidado de “Catalão”. Era muito comum na época que a medida que se avançava pelo território, iam-se criando pequenos entrepostos, um pequeno comércio que fornecia alimentos e pouso para os viajantes. Nossa cidade surgiu de um destes entrepostos, que ficou conhecido como “Arraial do Catalão”.
Muitos memorialistas, como Cornélio Ramos narra que o “Catalão” ficou nestas terras por elas se parecerem muito com sua terra natal na Catalunha, devido aos morros e ao córrego Pirapitinga, mas, na verdade formar um ponto comercial nesta região era muito lucrativo, pois afinal, ele seria o único a comercializar alimento e pouso seguro para os viajantes com destino as minas de ouro de Goiás Velho e Paracatu (MG).
Em 1828, este povoado contava com 5 ( cinco) casas de telhas e 20 ( vinte ) ranchos de capim, já em 1833, o arraial é elevado à categoria de Vila, separando-se da Comarca de Santa Cruz. O crescimento de nossa cidade não parou mais, em 1859 é fundada a cidade de Catalão, no dia 20 de agosto de 1859.
O crescimento urbano de Catalão
Fotografia tirada em 1892 do Morrinho de Sõa João
mostrando a cidade de Catalão Goiás
Você saberia dizer qual é o bairro mais antigo de nossa cidade? O bairro mais antigo de Catalão é o bairro Santo Antônio, mais próximo do Córrego do Almoço.  As primeira casas foram construídas na antiga “Rua da Grota”, hoje rua Antônio Camargo. O local era chamado de “Grota” pois, as primeiras casas foram construídas próximos a regatos e ribeirões que desaguam no Pirapitiga. Como não havia água encanada, morar próximo a pequenos rios era uma necessidade.
A economia da cidade se resumia à produção agropecuário de milho, feijão, arroz, mandioca, batata, cenoura, café, tabaco e algodão, apenas para consumo próprio, e para a comercialização a criação de gado bovino para comercialização. A criação de gado era a única a ser comercializada por ser o gado um produto auto transportável, ou seja, não havia caminhões para levar a produção agrícola, o gado poderia ser tocado por peões até as áreas consumidoras no Sudeste do Brasil.
Em 1895 chegaram os primeiros imigrantes árabes. Depois, vieram colonos italianos, uma turma que compunha-se mais ou menos de 40 pessoas, alguns dos quais se naturalizaram. Em 1912 ou 1913 chegaram os espanhóis e depois os sírios, sendo estes últimos a maior colônia que Catalão já teve.
Os sírios trabalharam desde profissões liberais às atividades agropecuárias. Os irmãos Salles, por exemplo, iniciaram a lavoura mecanizada na região, por volta de 1926, movimentaram as indústrias de álcool, motor, açúcar e máquina de beneficiar arroz. Além disso, trouxeram representações bancárias do Banco do Brasil para a região. A atividade comercial dos “Cacheiros Viajantes” se torna uma das principais atividades econômicas de Catalão, e fator principal da urbanização de nossa cidade até a chegada a ferrovia no início do século XX.
A “Marcha para o Oeste” como ficou conhecida, foi a segunda onda de ocupação do território de Goiás. A riqueza produzida pela Café paulista investe na construção de ferrovias que ligavam as partes mais remotas do país ao Sudeste do Brasil. A ferrovia chegou em Catalão em 1913 e iniciou um período de grande desenvolvimento econômico e urbano para nossa cidade, pois ela transportava pessoas e mercadorias em menor tempo.
O município de Catalão era muito maior do que a área que é apresentada hoje em dia. Fazia parte de Catalão os municípios de: Três Ranchos, Ouvidor, Davinópolis, Goiandira, Cumari e Corumbaíba. O crescimento destas cidades com o tempo foi tornando estes municípios independentes e tornando-os emancipados.
Primeiras indústrias de Catalão - Charqueada Margon em 1900
As indústrias, neste período eram bem diferentes das que conhecemos hoje. As charqueadas, curtumes, fabricação de calçados, além de fábricas de manteiga, salsicharia, queijo, banha e sabão, eram as indústrias da época e forneciam emprego para as pessoas que viviam na cidade.
Até o fim da década de 1960 a economia catalana era baseada na agropecuária, um pequeno comércio e uma indústria ainda em desenvolvimento. A indústria que possibilitou o crescimento urbano significativo de nossa cidade foi a indústria mineradora.
No ano de 1894 o potencial de minério da região já havia sido descoberto com a Missão Cruls, mas foi somente em 1969 que foi possível explorar economicamente essa riqueza mineral. A primeira indústria mineradora de Catalão foi a Metais de Goiás S/A (Metago) e, posteriormente a Fosfago, que mudou de nome para Copebrás S/A. Em 1976 entra em funcionamento a Mineração Catalão e em 1981 a Goiásfertil S/A. Essas indústrias atraíram muitos jovens que viviam na área rural de Catalão e de cidades vizinhas, que passaram a serem empregados destas novas indústrias. Esse fator motivou o crescimento significativo da área urbana de nossa cidade.
Inauguração da Estação Ferroviária em Catalão em 1913.
Catalão se tornou em 1970 a principal cidade da região Sul Goiana. Era a maior cidade, e a que possuía a melhor infraestrutura que dos outros municípios, e foi esse o principal fator que fez com que a cidade se tornasse o principal centro de atração populacional da região. Os municípios Anhanguera, Corumbaíba, Cumari, Nova Aurora, Davinópolis, Três Ranchos e Goiandira tiveram suas populações reduzidas neste período. O crescimento urbano e industrial de Catalão de 1970 até os dias de hoje somente aumentaram comprometendo assim o crescimento das cidades vizinhas.